Objetivo

Este blog tem por finalidade reunir criações literárias de escritores independentes. O grupo que aqui se apresenta teve início com a Oficina Literária ministrada por Diego Petrarca, mas esta aberta a outros que por ventura quiserem ter seus textos publicados.

domingo, 24 de julho de 2011

CRIARTE

No lugar certo, na hora certa
a cor certa no traço certo
do limiar tecido traçado pelo pensamento
inconvencionalmente convencional
acomodando-se na poeira do olho
passado, rastreado, arrastado
sobre coisa alguma,
!CRI-AR-TE!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Aroma da Noite

Observo

com o dedo curvo,
e
somente com a ponta do indicador,
tocaria a alma.

Hoje

como a linguagem corporal típica que disfarça a ansiedade ,
eu tento,
manter as pernas cruzadas com um pé apenas solto no ar,
à balançar.

Pela tarde

faço o caminho ao contrario.
Procuro pistas,
como,
quem sabe,
um reles grampo de cabelos que escorregou pelo bolso
descuidado.

E olho

de frento o sol que se poem,
em poucos centimetros de raio,
e percebo que ainda sim,
há nele capacidade suficiente para cegar-me.

Sorrio

Como o bebado que vai em direção à sua residencia
e a encontra sem dificuldade alguma.

Mas quando sinto aquele aroma é...

Como aquele que se recusa a beber mais quando já não faz diferença,
me perco.

Então. Paro!

Retomar-te-ei amanha
Resposta.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Das terças (para Petrarca)

É terça. Torça para ir na biblioteca ou museu,
eu.
Sonha com um soneto da Laura ou teu.


                                                                       (Guilherme Chagas)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ODE À AMADA QUE ESTÁ DISTANTE

   


Aquele momento de pseudoêxtase
Em que melei minhas cuequinhas
Ser-me-á sempre grado.
                   (Luíz de Camões - Lírica)



     Embora num rasgo a memória abranja
     O que não seja mole e nem seja canja
     E a imaginação registe num meloso fá-e-dó
     O gozoso travo dum gostoso mocotó,
     (Ou a sutil delícia desse pato com laranja),
     Minh'alma gentil se desarranja
     Se o pensamento volto àquela
     Que tornava minha vida inda mais bela
     Quando de amor o coração se esbanja.
    
     Agora, d'angústias trago a alma plena.
     E vivo, sem receios e nem pejo,
     Sem um tostão no bolso, roto e pelado,
     Num miserê que é de dar pena,
     No Serasa e no Bacen todo enrolado,
     Sabendo que a mi'a vaquinha foi pro brejo.
    
     Tanto desgosto e tanto desmazelo
     Posso cantar com minha boca cheia.
     (Destino igual nem posso crê-lo).
     E  o gentil afeto que m'inflava o peito
     Atravessando claras noites estreladas
     — A relembrar-lhe o seio, os gentis cabelos —
     Virou, sem remédio, esta cagada:
     Nos meus esquemas só entrou areia
     E essa ordinária não merece mais respeito.

     Hoje, recalcado e jururu,
     Bebo o vinagre do despeito e da malícia:
     O rouxinol que me cantava na vidraça
     — Abandonando o solitário ninho, —
     Deu de asas e se foi, sempre sozinho.
     E pr’aumentar ainda mais minha desgraça
     Veio pousar aqui uma família de urubu.
    
     Que a minh'alma então não mais persiga
     Essa perversa que me fez sentir-me um pária!
     E a coisa anda difícil — eu que o diga! —
     E pra botar ponto final em nossa história:
     Que morra com a boca cheia de formiga
     A chinelona, vagabunda e ordinária !

sábado, 2 de julho de 2011