JÚLIA
Alma pérfida de veneno raro, do qual o gosto, eu nunca tive a pretensão de querer esquecer.
Júlia já me tocou fundo,
Nos pensamentos
Quando me apresentou o mundo como ele é.
Para tal,
Sofri a experiência viva
De uma cobaia solta num mundo sem preceptores.
Aprendi a “pescar sozinha” sob a vigilância constante de uma voyeur insaciável.
Possui uma libido alta e reprovável..
“Persona non grata, vil e refinada.”
Mentirosa patológica, quase sociopata (gostava de se intitular assim).
Comedora de almas que escarra o pior que ingeriu.
Elegância e empatia se equalizavam.
Descrever Júlia,
É algo perigoso,
Acredito que nem mesmo um pintor de obras abstratas
Conseguiria retratar o inferno que ela poderia causar a outrem.
e...
ANITA
Rancorosa e fiel a si própria.
Não a condeno, seus atos, são facilmente compreensíveis, vez que conheço seu passado.
Tinha os gestos inocentes.
Compartilho com ela muitas dores da infância.
A maneira com a qual lidamos com as mesmas circunstâncias,
É oposta,
Outras, nem tanto.
Anita é menina que encantaria até o mais frio dos seres humanos.
Mas menina que grita... Seduz.
Seduz como uma serpente utilizando-se do seu olhar que transparece um sorriso Insidioso.
Andar ao seu lado é andar por caminhos acidentados.
Conversar com ela traz a mesma sensação de ler uma enciclopédia inteira em menos de Uma hora.
Não foram raras as vezes que nos desentendemos nos odiamos, nos admiramos.
Eu era uma das poucas que tinha contato físico com ela,
Não tinha medo de me ferir.
Também não rara às vezes em que tentei com todas as forças descrevê-la em palavras.
Mas talvez, somente uma caricatura feita no espelho, com batom vermelho
Pudesse exprimir minha visão dela.
Por muitas vezes a invejei positivamente,
Por sua força:
“o desapego”
É algo do qual desconheço
Tanto quanto ela o domina.
(Luana Dalberto da Fonseca)